Portal da Minhoca

Letra E

ECLOSÃO – é a emersão de filhotes de minhocas da casca dos casulos, depois do período de incubação, a fase embrionária, que pode variar de semanas até meses, de acordo com a espécie e temperatura. De uma das extremidade da cápsula, desabrocham filhotes despigmentados por até uma semana, como acontece com a gigante australiana Megascolides australis, para se livrar da casca.

EMBRIÃO - é a minhoca nos estágios de desenvolvimento no interior do casulo até antes de sua eclosão, nutrida por um fluido albuminoso durante poucas semanas até mais de um ano de incubação, dependendo da espécie. A vermelha da califórnia, Eisenia fetida, por exemplo, produz em média 4 embriões por casulo, que passam por 3 semanas de período embrionário.

ENCHYTRAEIDAE - é a família em que se agrupam centenas de espécies de pequeníssimas minhocas já classificadas, com diâmetro de 0,7 a 1,5 milímetros, com cerdas a partir do segundo segmento em forma de “s” ou de “8”, um único par de espermatóforos e clitelo temporariamente evidente na formação de casulos. Muito prolíficos, os enquitreídeos se reproduzem sexualmente, embora haja os que se multiplicam por autofragmentação e subseqüente regeneração.

ENDÊMICAS - designação dada a certas espécies de minhocas que ocorrem restritamente em determinadas áreas geográficas, originárias ou não delas. A minhoca gigante australiana,Megascolides australis, que atinge até 3,30m de comprimento, é endêmica e ao mesmo tempo nativa de uma pequena região de não mais que 100ha ao sul da Austrália.

ENDOGAMIA - é a condição de animais com ascendência comum e que se cruzados entre si, sob o risco de deficiências reprodutivas, pode gerar descendentes com anomalias e prejuízos à saúde. Sinônimo de consangüinidade, a endogamia em minhocas é expressa pela queda na produção de casulos e na baixa fertilidade das matrizes, ao menor comprimento e peso dos indivíduos ao atingirem a maturidade sexual.

ENDOGÉICA – é a categoria em que se agrupam, por preferência de ambiente, certas espécies de minhocas habitantes assíduas do solo mineral que se alimentam de matéria orgânica integradas ou não ao solo ou de raízes em decomposição. A minhoca rosa mansa (Pontoscolex corethrurus), representa bem a categoria endogéica.

ENLEIRAMENTO – é uma das várias etapas do tratamento da matéria-prima da minhocultura que a converte em alimento para minhocas. No enleiramento, os resíduos orgânicos são paralelamente organizados em montes compridos, sem cristas, e separados por lotes ou tipos, dispostos a céu aberto em pátios, para se favorecer as práticas periódicas de revolvimentos e umedecimentos.

ENOVELAMENTO - é o ato da minhoca de se enroscar em volta de seu próprio corpo dispondo suas duas extremidades no centro do novelo que se forma, em decorrência de alguma condição desfavorável, para reduzir a área exposta e, assim, mitigar a desidratação e evitar o resfriamento. Os minhocuçus, por exemplo, fazem o enovelamento em câmaras profundas do solo em meses do ano mais frios e secos.

ENQUITREÍDEO - é o nome comum dado às minhocas família Enchytraeidae com comprimento máximo de três centímetros, que vivem em ambientes aquáticos e terrestres e por terem coloração esbranquiçada ou pigmentada em tons claros de rosa e amarelo, são denominadas de whiteworm (em inglês, minhoca branca). Os pequenos enquitreídeos Enchitraeus albidus eEnchitraeus buchholzi, por exemplo, são utilizados pelos aquaristas como alimento vivo.

ENVENENAMENTO - é uma das etapas na preparação de minhocas para coleção em que se adicionam gotas de formalina (formoaldeído a 4%) previamente diluída a 10% ao recipiente das minhocas imersas na solução anestésica. Esse procedimento evita com que os animais parcialmente anestesiados venham a se contrair e partir.

ENZIMA - é a substância orgânica solúvel produzida por células vivas que, em pequenas quantidades, provocam transformações químicas específicas no processo digestivo da minhoca, como hidrólise, oxidação ou redução. Várias enzimas já foram reconhecidas no intestino do anelídeo como a protease, amilase, lipase, quitinase e celulase que desempenham papel importante no aproveitamento dos resíduos orgânicos.

EPIENDOGÉICA - categoria em que se agrupam, por preferência de ambiente, certas espécies de minhocas habitantes assíduas do solo mineral com profundidade de até 10cm, que se alimentam de matéria orgânica integrada ou não ao solo, raízes em decomposição e microorganismos. Espécies do gênero Dichogaster, que não atingem grandes comprimentos, são cavadoras ativas, constroem muitas galerias e representam bem esta sub-categoria das minhocas endogéicas.

EPIGÉICA – é a categoria em que se agrupam, por preferência de ambiente, certas espécies de minhocas de terra firme ou de várzea, como a gigante-africana (Eudrilus eugeniae) e a vermelha- da-califórnia (Eisenia fetida), criadas comercialmente e que naturalmente vivem em camadas superiores do solo, ricas em matéria orgânica.

ERITROCRUORINA - é o nome que se dá à hemoglobina dos anelídeos e alguns outros invertebrados, responsável por conferir a cor avermelhada do sangue e combinar com o oxigênio atmosférico nos capilares superficiais do corpo da minhoca antes de ser transportado para os tecidos. Esse pigmento respiratório, rico em ferro, tem o peso molecular de 200.000-12.000.000 Daltons e é a maior proteína de todos os seres vivos.

ESCALARIFORME – é a forma do sistema nervoso da minhoca que, embora rudimentar, comanda seus estímulos recebidos por terminações ao longo de todo o seu corpo. A conformação da cadeia nervosa central, que percorre da boca à cavidade anal da minhoca, se caracteriza pela interligação de numerosos gânglios que faz lembrar uma escada e lhe confere, por isso, a denominação de sistema nervoso ganglionar escalariforme.

ESÔFAGO – é um tubo longo, estreito e ligeiramente contorcido que compõe o sistema digestivo das minhocas vindo logo depois da faringe e antes do papo. Localizado à altura dos primeiros segmentos, é no esôfago que se localizam 3 pares de glándulas calcíferas, também chamadas de glândulas de Morren, responsáveis pelo metabolismo do cálcio e sua secreção na forma de calcita.

ESPÉCIES COMERCIAIS - é o tratamento que recebem as espécies de minhocas exploradas para fins econômicos, que se adaptam aos sistemas de criação em cativeiro, geralmente bastante ativas e prolíficas. No Brasil, as espécies comerciais são representadas ainda somente pela vermelha da califórnia (Eisenia fetida) e mais recentemente também pela gigante africana (Eudrilus eugeniae).

ESPERMATECAS - são sacos destinados a receber os espermatozóides da parceira durante o acasalamento quase sempre visíveis a olho nu, localizados ventralmente próximos da cabeça. Logo após a separação das minhocas, as espermatecas lançam o conteúdo seminal na cápsula com óvulos próprios fertilizando-os no casulo que se forma .

ESPERMATÓFORO – é uma massa constituída de espermatozóides gerada por glândulas localizadas próximas dos poros masculinos, transferida durante o acasalamento de algumas espécies de minhocas, como todas da família Lumbricidade, e que reaparecem sempre após as cópulas. Embora a função presumidamente reprodutiva seja incerta, somente os espécimes que contenham espermatóforos geram casulos.

ESTRAMÍCOLA – são minhocas da categoria epigéica – classificação ecológica determinada pela preferência de ambiente dada às espécies de hábita de terra firme ou de várzea e que têm o solo mineral apenas como refúgio temporário, em situação de adversidades – que vivem no litter, o extrato superficial do solo essencialmente constituído por resíduos orgânicos decompostos e em decomposição.

ESTRAMINICÍCOLA - é o subgrupo de espécies de minhocas epigéicas que habitam os extratos superficiais do solo, caracterizados pela abundância de restos orgânicos decompostos e em decomposição, e que recorrem às camadas minerais eventualmente como refúgio. As espécies utilizadas na minhocultura, Eisenia andrei, Eisenia fetida, Eudrilus eugeniae, Perionyx excavatus, são minhocas estraminicícolas.

ESTERÓICAS - designação dada a certas espécies de minhocas que não toleram grandes variações do habita e das condições ambientais, se tornando em empecilhos à sua dispersão. Espécies compridas, por exemplo, como a gigante australiana, Megascolides australis, representam bem o grupo e não se adaptam às condições distintas da região de origem e, por isto, vivem ainda restritamente lá.

ESTIVAÇÃO - é o procedimento de inatividade temporária que adotam certas espécies de minhocas sob condições desfavoráveis de sobrevivência, especialmente temperatura e umidade adversas. Algumas do gênero Allolobophora, por exemplo, entram em estivação nas fases do ano mais quentes quando se enterram em profundidades normalmente não acessadas e lá se mantêm em torpor e enoveladas entre si até que as condições ideais de vida se restabeleçam.

EUDRILIDAE - é a família em que se agrupam as espécies de minhocas desprovidas de poros dorsais, com clitelo iniciando-se a partir do décimo-quarto a décimo-sétimo segmento, poros masculinos localizados nos metâmeros de número dezessete ou entre dezessete e dezoito e poros femininos evidentes no segmento de número quatorze. As minhocas dessa família são todas originárias do continente africano como a espécie comercial Eudrilus eugeniae (gigante-africana), por exemplo.

EURIHALINAS - designação dada às espécies de minhocas que toleram grande variação de salinidade em que conseguem regular a pressão osmótica interna com a do ambiente onde vivem, mesmo com altas concentrações de NACL. A pequena espécie Ancytraeus albidus, que mede não mais que 2cm, é representante do grupo e habita toda a orla marítima brasileira.

EURIÓICAS - é a designação dada a poucas espécies de minhocas que admitem grandes variações de habitat e por isto, lhes permitem dispersar por inúmeras regiões de solos de diferente textura, de disponibilidade de água variável e de pH inconstante. A minhocas rosa-mansa, Pontoscolex corethrurus, a mais encontrada em todo o Brasil, representa bem este diminuto grupo.

EXOGAMIA - é o cruzamento entre indivíduos de uma mesma espécie pertencentes a populações distintas, sejam estas definidos com base no parentesco e na região de ocorrência, por exemplo. Se cruzadas entre si, minhocas que vivem em territórios longínquos sem qualquer ancestralidade podem gerar imperfeições reprodutivas, como a redução na produção de casulos e a baixa fertilidade da população descendente.

EXÓTICA – é a designação dada às espécies de minhocas introduzidas numa determinada área geográfica, também chamadas de alóctones, que se dispersaram da presumida região de origem por meios naturais ou antropocóricos. A espécie rosa-mansa (Pontoscolex corethrurus), por exemplo, é uma minhoca exótica, originária do Platô Guianense, que foi introduzida por ação do homem em quase toda a América do Sul, através da terra de mudas de plantas.

EXPURGO - é o processo de evacuação do tubo digestivo da minhoca em decorrência de jejum alimentar forçado concomitantemente à manutenção das condições de sobrevida temporária do animal. Essa limpeza interna prévia é imprescindível à qualidade na fabricação da farinha de minhoca e ao êxito na conservação de minhocas fixadas.

EXTRAMURAIS - são a diferenciações das glândulas calcíferas – três pares de glândulas que controlam o metabolismo do cálcio localizadas na parede do esôfago, acumulam nódulos de carbonato de cálcio e secretam um líquido leitoso corretor da acidez excessiva de alimentos ingeridos pela minhoca – que se apresentam como evaginações nítidas e geralmente pedunculares.

EXTRATOR – é o nome dado à substância química usada para extrair oligoquetas edáficos em pesquisas qualitativas e quantitativas de ecologia e biologia de minhocas. Com eficácia, riscos à saúde humana e custos financeiros variáveis, o formol e o AITC (Alil isotiacianato, um fitocomplexo da mostarda), são as principais soluções irritantes às minhocas usadas para forçarem-nas a emergir na superfície do solo para serem recolhidas.

 

Afrânio Augusto Guimarães - zootecnista / MINHOBOX