Portal da Minhoca

Letra A

ACANTODRILINA - é o nome dado à disposição dos poros masculinos — orifícios que se abrem em numero de dois na face ventral do corpo da minhoca e se unem às espermatecas de outra minhoca para lançar o líquido seminal quando na situação de acasalamento — que se encontram no segmento 18, separados dos poros de dois pares de próstatas nos segmentos.

ACANTHODRILIDAE - é a família em que se grupam minhocas que possuem dois nefrídeos por segmento (holonefrídeos), as próstatas tubulares, o intestino se iniciando no décimo quinto segmento ou depois dele e as glândulas calcíferas não localizadas nos segmentos nove e dez. De ocorrência universal, embora não haja espécies na Ásia, a família Acanthodrilidae é representada pela espécie apigmentada e bioluminescente Microscolex phosphoreus.

ÁCARO – é o nome que se dá a mais de 55 mil espécies diminutas de aracnídeos pertencentes à subclasse Acari, com alimentação e habitats bem diversificados. Confundidos com predadores de minhocas, alguns ácaros participam da biomassa do substrato da minhocultura, atuando indiretamente na decomposição da matéria orgânica: fragmentam os nutrientes, deixando-os disponíveis à degradação de outros microrganismos decompositores.

ACTINOMICETOS - são microrganismos com características de bactérias e fungos, responsáveis pela degradação de substâncias normalmente não decompostas por ambos: fenóis, quitina, húmus e parafinas. Na minhocultura, desempenham papel importante no preparo da matéria-prima, por degradarem celulose e proteínas com pequena imobilização de nitrogênio e controlarem fungos e bactérias fitopatogênicos.

ACICULARES - são um tipo de cerdas — pêlos inseridos em quatro ou mais pares em quase todos os segmentos do corpo da minhoca com a função primária de locomoção e, às vezes, associados à reprodução — retas ou falciformes, lisas ou ornamentadas, que terminam com uma ou duas pontas, pectíneas ou palmadas. Essas cerdas com forma de agulha são encontradas em pequenas espécies aquáticas de minhocas da família Aelosomatidae.

ADUBO - é a matéria própria para tornar a terra mais fértil e propícia ao desenvolvimento vegetal que se divide em orgânicos, os que provêm de resíduos animais e vegetais, minerais, os que procedem de rochas moídas, e os químicos, beneficiados pela indústria química. Dos adubos orgânicos, destacam-se os excrementos de minhocas, também conhecidos como húmus.

ADULTO - é o espécime de minhoca que atingiu o completo desenvolvimento e a plena maturidade, depois de ter passado pela etapa juvenil, quando surgem as primeiras marcas indicativas de puberdade sexual. A espécie de minhoca gigante-africana (Eudrilus eugeniae), por exemplo, pode atingir a maturidade sexual com um comprimento e triplicá-lo ao se tornar um indivíduo adulto e ganhar a idade de vigor máximo.

AELOSOMATIDAE - é a família em que se agrupam pequenas espécies de minhocas aquáticas de reprodução assexuada apresentam glândulas cutâneas coloridas e cerdas capilares dispostas em quatro porções por segmento ou aciculares. Com gânglios cerebróides e cordão nervoso ventral unidos à epiderme, a espécie Aelosoma gertae é uma representante dessa família.

AEROBIOSE – é a condição de vida sob a presença do oxigênio. Nas principais etapas da minhocultura, a aerobiose é imprescindível: o preparo da matéria-prima requer oxigenação para propiciar a vida de microrganismos aeróbicos e, no minhocário em si, o oxigênio é elemento químico fundamental à sobrevivência de espécies epigéicas, classe de minhocas exigentes por um substrato plenamente poroso.

ALIL ISOTIACIANATO - é um fitocomplexo extraído da mostarda (Brassica sp) que tem propriedades irritantes percebidas pela minhoca, usada na extração do anelídeo do solo. O AITC, como também é chamada a substância reagente, concorre com o formol nos trabalhos de extração de minhocas pelos métodos químicos de irrigação do solo, com a vantagem de não ser carcinogênico.

ALLUROIDIDAE - é a família que agrupa minhocas aquáticas sem poros dorsais, com quatro pares de cerdas sigmóides por segmento, esôfago simples, moela raramente, ovários presentes no segmento XIII e aparelho excretor (holonefridal), ou seja, com dois nefrídeos por anel. A espécie Brinkhurstia americanus, que já foi encontrada na Argentina e na Estrada Transamazônica, é uma representante desta família.

ALÓCTONES - designação dada a certas espécies de minhocas que se dispersaram e ocorrem em áreas descontínuas e isoladas da presumida região de origem. Também chamadas de peregrinas, estas espécies amplamente distribuídas, geralmente com comprimento não maior que dezcentímetros, são representadas, por exemplo, por algumas puladeiras do gênero Pheretima.

AMEBÓCITOS - são células anucleadas e incolores que, ao lado da hemoglobina, se distribuem pelo sangue e participam de sua circulação, trocas gasosas, defesa e excreção. A denominação que ganham estes tipos de leucócitos ou glóbulos brancos presentes no plasma sangüíneo de minhocas se deve ao fato de poderem se mover e mudar de forma constantemente, como fazem as amebas.

AMILASE - é uma enzima produzida em pequenas quantidades por células vivas que provoca transformações químicas no amido, o tipo de carboidrato que as plantas armazenam. A amilase esta presente no intestino das minhocas atuando especificamente nos cecos intestinais, onde hidrolisa o amido de alimentos ingeridos, como tecidos de reservas de cereais e tubérculos, convertendo-o em açúcar.

AMÔNIA - é um composto químico cuja molécula é constituída por átomo de nitrogênio (N) e três átomos de hidrogênio (H), de formula molecular NH3, incolor e de cheiro fortemente pungente. Com a uréia, o ácido úrico e a creatinina, a amônia compõe o grupo de excretas nitrogenadas eliminadas pela minhoca na urina, através dos nefrídios, e também no líquido celomático, através dos poros dorsais.

AMPOLA DA ESPERMATECA - é o frasco bojudo que corresponde à seção mais dilatada da espermateca — a cavidade saciforme que recebe e armazena os espermatozóides da minhoca parceira durante o acasalamento — ligada ao poro da espermateca através de uma estrutura tubular fina. A minhoca puladeira havaiana (Aminthas gracilis), por exemplo, tem três pares de ampolas localizadas próximas da moela, entre o sexto e o oitavo segmento.

ANAEROBIOSE – é a condição de vida sob a ausência do oxigênio. Em todas as etapas da minhocultura, a anaerobiose é desfavorável: o tratamento da matéria-prima requer oxigenação para propiciar a vida de microrganismos aeróbicos e no minhocário em si, o oxigênio é elemento químico imprescindível à sobrevida de espécies epigéicas, classe de minhocas exigentes por um substrato plenamente aerado.

ANÉCICA - categoria em que se agrupam, por preferência de ambiente, certas espécies de minhocas habitantes do solo mineral e que, à noite, sobem à superfície para consumir o alimento que puxam para dentro de suas galerias.

ANESTESIA - é uma das etapas da preparação de minhocas para estudos taxonômicos que condiciona a consistência dos indivíduos, evitando-lhes a retorsão e autotomia. Depois de expurgadas, preferencialmente, as minhocas são anestesiadas imersas em solução de álcool etílico ou de propileno, por um período variável com a espécie, em que se relaxam completamente e não mais se movem.

ANINHA-VERDE - é a espécie de minhoca cosmopolita original da faixa mediana do continente africano e disseminada pelos trópicos sob ação humana. Pigmentada por um belo verde azulado, esta minhoca da família Octochaetidae e de nome científico Dichogaster annae, por ser detritívora, habita os montes de matéria-prima da minhocultura, através da qual é carregada para dentro dos criatórios.

ANNELIDA - é o filo que agrupa 8700 espécies de vermes de corpo alongado revestido por uma cutícula fina e úmida, com circulação sanguínea fechada, sistema de excreção por nefrídios, respiração cutânea e às vezes branquial, sistema nervoso composto por um par de gânglios e conectivos por todo o corpo. Os anelídeos, representados principalmente pelas minhocas, receberam este nome por apresentarem o corpo segmentados em anéis.

ANTROPOCÓRICA - é a designação dada a algumas espécies de minhocas que se dispersaram da presumida região de origem por ação voluntária ou não do homem. A minhoca rosa-mansa (Pontoscolex corethrurus), por exemplo, foi levada ao acaso no substrato de mudas de seringueiras do Brasil para a península Malaia e propositadamente, a vermelha da califórnia (Eisenia fetida) foi trazida da Itália ao Brasil pelos primeiros minhocultores do país.

ANULAR - é o tipo de clitelo – o espessamento de uma região no terço anterior do corpo da minhoca, evidente em indivíduos sexualmente maduros, importante na cópula, formação de casulos e nutrições de embriões – que tem o formato de um aro completo. A minhoca puladeira-havaiana (Amynthas gracilis), espécie epigéica, que ocorre frequentemente nos solos cultivados no Brasil, tem o clitelo anular, por exemplo.

ÂNUS - é a abertura diminuta localizada externamente no ultimo segmento sem celoma da região caudal do corpo da minhoca, o pigídio, que expele suas excreções na forma de aglomerados. Certas espécies de minhoca emergem o ânus para fora do solo para ejetar o húmus e outras, quando na escassez de água, entram em processo de estivação, se enrolando em espiral e introduzindo-o para dentro do novelo formado, protegendo-se da perda de água por tal abertura.

APOMIXIA - é a formação do embrião sem a ocorrência da fecundação, através do desenvolvimento da oosfera ou ovo-célula (partenogênese) ou do desenvolvimento de uma célula vegetativa (apogamia). Cerca de trinta espécies de minhocas se multiplicam através da reprodução uniparental que dão origem a descendentes também férteis e hermafroditas, mas assim se reproduzem por poucas vezes.

APORRECTODEA ROSEA – é uma espécie de minhoca endogéica da família Lumbricidae, originária da Europa e de onde se disseminou por ação do homem para diversos continentes. Medindo cerca de cinco centímetros, possui o corpo predominantemente na cor creme, o clitelo alaranjado e a cabeça com tonalidade rósea, o que lhe fez ser comumente conhecida por rosy-tip, que significa ponta-rosa, em inglês.

ASSIMILAÇÃO - é a condição que ganha a matéria-prima depois de se submeter a um tratamento que o torna suprimento para a minhocultura. O esterco, por exemplo, só se converte em alimento para minhocas e ganha assimilação por elas depois que sua toxicidade original é anulada, especialmente quando o teor de amônia é reduzido a níveis toleráveis, e o processo fermentativo é estabilizado, cessando o aquecimento insuportável por elas.

ÁTRIO - é a continuação dilatada, de forma e extensão variáveis, do canal deferente — canal fino e longo, também chamado de espermioducto, que se localiza esticado ventralmente sobre a face interna da parede do corpo da minhoca carregando os espermatozóides dos funis seminais — podendo abrir no exterior através dos poros masculinos ou de ductos ejaculatórios. Em algumas espécies, os átrios se abrem num par de câmaras copulatórias.

AUTÓCTONE - é a designação dada a certas espécies de minhocas originárias de uma determinada área geográfica, também chamadas de nativas. As espécies comerciais criadas no Brasil, a gigante-africana (Eudrilus eugeniae), e a vermelha-da-califórnia (Eisenia fetida), que já se dispersaram por quase todo o mundo, são autóctones da África Ocidental e da Europa Central, respectivamente.

AUTOFECUNDAÇÃO - é a combinação de gametas de um mesmo indivíduo que ocorre em algumas espécies monóicas, — os serem que possuem tanto o aparelho genital masculino quanto o feminino — como as minhocas. Também chamada de autogamia, a fertilização de uma mesma minhoca é citada com ocorrência rara ou particularidade de algumas espécies que sempre geram animais estéreis: a regra geral de reprodução dos anelídeos é a fecundação cruzada.

AUTOTOMIA - é a auto-amputação de membros e cauda provocada por alguns crustáceos e répteis para se livrarem da apreensão de inimigos naturais e escaparem do perigo. A mutilação, que normalmente pode vir seguida da recuperação e regeneração da parte desprendida, é atribuída também à liberação da cauda de determinadas minhocas, especialmente a puladeira-havaiana (Amynthas gracilis), quando, por exemplo, é agarrada pela extremidade posterior ao entrar em seus túneis.

AUTO-INSEMINAÇÃO - é o tipo raro de fecundação do óvulo realizada por uma mesma minhoca que gera indivíduos com precariedade reprodutiva. Nesse tipo de reprodução uniparental, já observada na espécie vermelha-da-califórnia (Eisenia andrei), para se inseminar, a minhoca contorce sua extremidade anterior dirigindo os poros de suas espermatecas à zona ventral de seu próprio clitelo, onde se uniriam aos poros masculinos para receber os espermatozóides.

 

Afrânio Augusto Guimarães – zootecnista / MINHOBOX