
Não é só viva que a minhoca faz bem à terra: ao morrer, seu corpo rapidamente se degrada, converte-se em nutrientes vegetais e sacia prontamente a avidez das raízes. No entanto, um exemplar falecido da espécie rosa-mansa (Pontoscolex corethrurus) continuou benevolente com a natureza ao ornar o negrume subterrâneo.
Morta e estendida numa seção dos túneis que mesma construiu, a minhoca reservou o último fôlego para estampar seus anéis com a perfeição de um Picasso, através de uma tinta que a decomposição de seu próprio corpo lhe brindou.
O ferro, abundante em todo oligoqueta, oxidou-se na tabatinga cinza e imprimiu uma bela pintura de listras brônzeas, remetendo-nos a lembrar um fóssil do anelídeo.
Faltou à Terra lhe retribuir com uma condecoração se Inês não já estivesse morta!